O papel de parede amarelo é um clássico da literatura feminista publicado pela primeira vez no Brasil.
Para tratar a esposa fragilizada, um médico aluga uma fazenda histórica, na tentativa de criar ali um retiro de recuperação emocional. O lugar é encantador, com uma bela mansão colonial e jardins amplos e sombreados. Tudo parece compor o cenário perfeito. Mas algo de muito estranho se passa naquela casa… especialmente no quarto em que o casal se instala, com o sombrio papel de parede amarelo.
Desde sua publicação, em 1892, o drama narrado por Charlotte Perkins Gilman tem sido categorizado como uma narrativa de aberração mental, uma história de terror ao estilo de Edgar Allan Poe — não só pela temática, mas pela qualidade textual. Os críticos contemporâneos observam, no entanto, que O papel de parede amarelo apresenta elementos que vão além da fantasia ou do delírio, fazendo com que este livro, como afirma Elaine R. Hedges, no posfácio à presente edição, seja “um dos raros textos literários de uma autora do século XIX que confrontam diretamente a política sexual das relações homem–mulher, marido–esposa”. Talvez seja esse o motivo pelo qual o texto original tenha sido rejeitado por alguns editores até sua publicação na New England Magazine.
O fato é que a autora, grande intelectual feminista e professora, que atinge seu ápice literário neste conto, foi responsável por uma produção extremamente relevante de textos não ficcionais sobre a condição da mulher em seu tempo. Por ter vivido sob depressão durante um período e haver recebido tratamento psicológico duvidoso, é possível perceber elementos autobiográficos na história que temos em mãos. Quando nos aproximamos da personagem feminina de O papel de parede amarelo, uma mulher deprimida e submetida a um tratamento impositivo e infantilizador, percebemos que a incômoda estranheza sentida por ela tem suas causas em algo além da casa e das aberrantes visões despertadas pelo papel de parede amarelo. E o estranho, como observou Freud, é aquilo que nos é mais familiar.
"Charlotte Perkins Gilman foi uma feminista, socióloga e escritora norte-americana, que escreveu contos, poesia e livros de não ficção. Suas conquistas foram excepcionais para uma mulher de sua época; seus conceitos não ortodoxos e estilo de vida serviram de modelo para gerações futuras de feministas. Foi casada e teve uma filha chamada Katherine. Sofreu de depressão ao longo dos 10 anos de matrimônio - o que, provavelmente, inspirou seu conto mais notório e bem-sucedido, O papel de parede amarelo, publicado pela primeira vez em 1892 e, pela editora José Olympio, no ano de 2016. Em 1900, casou-se pela segunda vez, com um primo, que ficou ao seu lado até morrer, em 1934. Em 1935, Charlotte descobriu um câncer de mama inoperável e se suicidou no dia 17 de agosto.
Charlotte Perkins Gilman (1860-1935) foi escritora, poetisa e uma ativista do feminismo nos Estados Unidos. Abandonada pelo pai durante a infância e sem que sua mãe tivesse condições de criá-la sozinha, ficou sob a proteção de suas tias paternas, Catharine, Harriet (escritora e autora do clássico A cabana do Pai Tomás) e Isabella (sufragista, defensora do voto feminino). Essa influência acabou sendo determinante para o futuro sucesso literário de Charlotte e seu papel fundamental na história dos direitos sociais das mulheres. Seu estilo de vida pouco usual para a época (divorciada e financeiramente independente) a tornaria um modelo para todas as gerações posteriores de feministas. |
ISBN | 9788503012720 |
Autores | Gilman, Charlotte Perkins (Autor) ; Henriques, Diogo (Tradutor) |
Editora | José Olympio |
Idioma | Português |
Edição | 9 |
Ano de edição | 2016 |
Páginas | 112 |
Acabamento | Brochura |
Dimensões | 18,00 X 12,00 |
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